17 de dezembro de 2012

Recebendo o convite

É difícil encontrar alguém que não goste de música, de dançar ou assistir uma apresentação artística. Parece que esse prazer está arraigado às características humanas. Agradeço à Deus, por ter recebido dons que são capazes de expressar essa música, esse prazer e esse encanto que é a arte. Neste texto quero tentar exprimir uma parte das experiências que tive para a confirmação do meu chamado e vocação espiritual. Foi um processo longo, de dor e muitas alegrias, mas hoje glorifico a Deus por estar no centro de sua vontade. Ele nos faz um convite, e nos convida à estar com Ele em seus projetos e planos.

Com 11 anos comecei à dançar Hip Hop e outros estilos de dança no colégio que eu estudava, aquela era minha oportunidade de dançar! Eu amava! Desde pequenina sonhava em entrar no Ballet e minha família nunca teve recursos para isso, pelo contrário, sempre vivemos com bastante dificuldade, mas sempre estivemos sob a provisão de nosso fiel Deus.

No mesmo ano entrei por sorteio no Projeto de Ginástica Rítmica em uma Escola Municipal, as vagas eram disputadíssimas e o projeto agregava em torno de 100 alunas! Ali pude desenvolver grande parte do que sei hoje, cresci em desenvoltura, flexibilidade, técnicas de coreografias em grupo, aprendi à trabalhar com um número grande de pessoas, e tudo isso foi uma lição de vida, aprendi muito com a professora Vera Jardim. 
O projeto sobrevivia sob dificuldade, sempre precisando do esforço da professora e das alunas. Muitas delas não tinham condições nem para custear a roupa de apresentação. Ali aprendi bem mais que técnicas, aprendi a ter garra e coragem para persistir em algo que eu realmente acredito ser possível. Aprendi como saber construir um trabalho bem feito, de qualidade, mesmo sem recurso financeiro, foram 6 anos de muito amor e dedicação ao esporte dançado.
Quando eu penso nessa dificuldade financeira toda, e penso que até hoje, nunca consegui ser aluna de uma academia bem conceituada, me sinto orgulhosa do que construí até hoje. E me faz ter certeza, de que esse processo todo, fez de mim alguém diferente na dança.
Eu sempre tento imaginar como seria se eu tivesse crescido no conforto, e no universo de possibilidades de cursos e formações de dança, evidente que seria bom. Mas ainda sim, agradeço à Deus por meu percurso ter sido diferente.
No ministério, eu desempenho tantas coisas, que sem essas experiências de dificuldade que eu tive que enfrentar, certamente eu não saberia lidar com elas hoje. Essa noção de realidade, de precisar correr atrás, de colocar a mão e fazer, me deu um perfil diferente. E ao invés de segregar e impossibilitar alguém de dançar, me fez querer agregar aquele que não pode custear uma aula, ou não pode pagar uma roupa de apresentação, me fez optar pelo simples, mas aquilo que é verdadeiro, e de coração.

A arte, a inspiração é algo tão mágico, que dentro da nossa mente, nos transportamos à um lugar e à um outro tempo. Você enxerga uma cena, uma dança, passos que você vê e às vezes não vê e de maneira quase inexplicável sente um arrepio, uma sensação boa e um entusiasmo diante daquela cena que você um tanto solitário montou na sua cabeça. E por fim, sua mente sabe como será exatamente a apresentação.
Eu louvo à Deus e lhe agradeço sempre, por me ajudar e me inspirar. E tenho certeza que isso é fruto de muita obediência e primazia ao Reino de Deus.
Quando eu era criança, eu tinha quase exatamente, essas “visões”, não são visões ou premunições, é uma composição artística mental bem clara, fruto de uma imaginação bem refinada (risos), digamos assim. Como qualquer criança normal, eu brincava, corria e me divertia com meus amigos, que no meu caso, era em um condomínio.
Depois que entrei na ginástica, eu treinava os saltos no espaço do condomínio, meus amigos ficavam rindo de mim, me chamavam de “gazela saltitante” (risos), mas mesmo assim eu saltava feliz, só pensando em melhorar meu desempenho. Nas festinhas, dançava com minhas amigas, e sempre fazíamos juntas as coreografias das músicas da nossa época. 
Minha dedicação era intensa e tudo isso foram objetos e cenários para configurar e começarem à surgir estranhos pensamentos, que naquele tempo e com aquela idade, eu não imaginava nem para quê, e nem por quê vinham na minha mente, eu simplesmente pensava. Mas hoje eu tenho certeza, que já era um pouco do reflexo do que Deus queria fazer na minha vida e com meu dom.
Pois bem, eu ficava horas pensando em “eventos de dança”. Imaginava um dia de apresentação de coreografias, onde quem se apresentava eram minhas amiguinhas, haviam vários estilos de dança e também de roupas, e estas combinavam bem com o estilo da dança à ser apresentada. E o mais engraçado, é que eu organizava o evento, eu raramente dançava, e fazia isso com prazer. Nos meus pensamentos, minha satisfação era organizar as danças e ver a sensação de alegria de quem às assistia, era como se eu fosse a professora (risos).
Descrever isso em um texto é muito estranho e subjetivo, pois são pensamentos de criança e que nunca expus a ninguém, mas hoje me propus a esse desafio.

Um momento marcante e decisivo na minha vida, foi quando minha mãe decidiu mudar de igreja. Eu achei que eu fosse morrer (risos). Mas hoje, louvo à Deus pela vida e pelo discernimento da minha mãe, pois ela estava me aproximando do local que Deus queria me usar em sua obra.

Enfrentei sofrimento e dor de ter que sair da igreja que eu tanto amava, local onde cresci, que estava começando a atuar como membro e que tinha acabado de me batizar nas águas. Eu só sabia chorar e chorar, dia, tarde e noite, mas minha mãe não cedia em sua decisão e como eu era novinha, ela não admitia que eu não à acompanhasse nessa mudança.
Um dia eu estava tão triste, que resolvi "dançar sob minha tristeza", coloquei um louvor que eu amava, peguei uma bola (um dos instrumentos da Ginástica Rítmica) e comecei a “ministrar”. Eu nem se quer sabia o quê era dançar para Deus, não sabia qual era a essência de uma ministração, eu não tinha referência nenhuma disso, só sei que eu fiz. Coloquei ali, minhas lágrimas de dor e raiva, por não ir no caminho que eu tanto queria. No meu coração, eu só queria que Deus me escutasse, e que ele mudasse o coração da minha mãe. E ali na sala da minha casa, eu dancei, orando, com apenas 12 anos, mas com todo meu coração, clamando à Deus que minhas orações fossem ouvidas. Mal sabia eu, que a resposta de Deus era NÃO, e aquilo que eu fazia só fortificava a ideia de sair daquela igreja e prosseguir para outro local, outro tempo que eu nem sonhava conhecer e viver.  Não consigo descrever o quê eu senti naquela dança, mas sinto no meu coração que eu fui selada naquele dia, selada pelo senhor à dançar para Ele.


Entrei na nova igreja como uma menina meio problemática, que não queria de jeito nenhum estar ali. Minha mãe pediu ajuda aos lideres dos adolescentes e sempre conversávamos. Minha rebeldia era tanta, que a igreja na época, por ser Assembléia, não podia usar calça, e eu ia de calça para os cultos de propósito, só para irritar minha mãe, ela ficar com vergonha de mim e quem sabe assim, deixar eu ficar em casa, ou voltar para minha antiga igreja, mas não adiantava, ela me levava assim mesmo. Até que eu desisti.

O tempo foi passando, e me enturmei na igreja nova. Entrei no coral, fiz amizades e por incrível que pareça, não entrei imediatamente no grupo de dança. Meu sonho era cantar, sempre amei música, e sonhava em ser um dia, uma solista do coral dos adolescentes. Até que eu cantava direitinho (risos).

No fim do ano resolvi dançar com a coreografia. Fiz uma participação pequena, fui “anjinho”, coreografia super simples, mas eu fazia o meu melhor. As danças mais elaboradas ficavam com as dançarinas mais velhas e mais experientes no grupo. Gostei bastante da participação que resolvi estar mais vezes. Apresentei em alguns poucos eventos, e frequentava alguns ensaios, mas no fundo meu compromisso era somente com o coral. Minha grande amiga Susy Peniche sempre me estimulando à estar no grupo, participava daquilo tudo comigo, as duas novinhas, meio com vergonha diante das meninas mais antigas, dava um frio na barriga, mas era legal.




Um tempo depois, em um culto jovem, houve uma pregação abençoada, e no final dela, a pregadora teve umas revelações de Deus. Ela chamou algumas pessoas lá na frente, e falava coisas. Eu no meu lugar estava torcendo para ela me chamar, e finalmente declarar que eu iria cantar, solar, e que meu dom era aquele. Eu pensava: “Me chama, Me chama!”. E ela realmente me chamou, eu fiquei super feliz! Até que ela disse assim: “Tem ministério de dança nesta igreja?”, e a igreja respondeu: “sim!”, a profeta então continuou: “Então pode começar a dançar, porque é assim que Deus vai lhe usar!”, a igreja ficou feliz, glorificou e eu comecei a chorar DE TRISTEZA! E de decepção por aquela notícia, afinal, meu dom não é cantar? Eu queria e gostava tanto de cantar. Meu prazer de dançar não era para Deus, era algo meu, que eu fazia na ginástica. Hoje eu fico pensando da tamanha ignorância nas minhas interpretações quando Deus falava comigo, era teimosa ao extremo! 

Neste mesmo culto, a líder do grupo de dança, Patrícia Malafaia, orava e pedia à Deus que lhe enviasse meninas que fossem comprometidas com o grupo, que fossem verdadeiramente escolhidas para fazer parte do grupo. Imediatamente depois da revelação, ela foi falar comigo, feliz por sentir que era realmente Deus falando ali e me contando de suas orações. Eu fiquei feliz, chorei bastante, mas mesmo assim, meu coração não aceitou a ideia. 

E assim, se iniciou o processo da "moinha" de convencimento de Deus. Durante uns meses eu persistia em não aceitar o convite de Deus. Eu dizia que Ele não iria me obrigar à fazer uma coisa que eu não queria. Minha vontade era até participar do grupo de dança, mas não deixar de priorizar o coral, que na época, eu teria que deixar de cantar na festividade para dançar e isso eu não queria. Sem falar que os grupos de dança em geral, exigem muitos ensaios e realmente requer uma dedicação, é uma escolha importante. 
De todas as formas, tentaram me convencer e me alertar quanto à confirmação de Deus. Mas eu insistia em não ir. E Deus foi falando comigo de várias maneiras, em louvores, em pregações, em orações, e eu gritava de raiva! Ahhh Já chega Deus!!! Poxa vida!!!

Larissa e Camila (em cima) Carol Escorcio, Michelle, Evelyn e Raquel (no centro)
Patrícia Malafaia e Susy Peniche (embaixo)

Certo dia, em um outro culto jovem, ouvi uma pregação que falou muito ao meu coração, foi decisiva, e eu não aguentei mais recusar o convite do Senhor, fui lá na frente, chorei, chorei, e disse: EU ACEITO! 
E assim finalmente coloquei em meu coração, ter compromisso com o grupo de dança, e de fato estar no grupo como uma integrante que soma com o trabalho. 

Eu lembro, que desci as escadas da igreja para lavar meu rosto, e logo em seguida, encontrei a líder do grupo ("coincidência" Não?), abracei ela chorando e disse que tinha tomado minha decisão, ela chorou também e juntas sentimos que o Senhor estava agindo.



A partir daí, começou um processo árduo. A preparação para ser uma ministra do Senhor Jesus, o treinamento para futuramente assumir um grupo, que eu não queria nem entrar, e muito menos imaginava liderar. E de fato, iniciava o discipulado para um dia eu entender qual era a minha verdadeira vocação. Deus ainda confirmou muitas e muitas vezes o seu convite, porém em um único texto, não é possível explicar.



Deus fala, e nos convida para fazer parte da sua obra e da expansão de seu Reino. Ele tem estratégias, e quer nos incluir em seus planos. Basta apenas ficarmos atentos, e ouvir a sua voz e certamente nos colocará no local que Ele está agindo.

2 de outubro de 2012

Além da dança

Depois de um tempo de liderança e ministério, a gente redescobre e renasce muitas vezes, você consegue atribuir valores a coisas, que mais tarde (depois de uma maturidade) descobre que aquilo era tão mesquinho e passageiro. Então você pensa: “Porque eu não enxerguei isso antes?” 


Tenho tido experiências reais do discernimento do Espírito Santo de Deus, e descubro a cada dia, que isso é tão possível e claro quanto se pode imaginar. Estar no centro da vontade de Deus, é tremendo! E hoje tenho o prazer e a leveza de dizer que estou. Glória a Deus. O perfil do Deus que ensina, que guia, e cuida, está sendo exercido fortemente ATRAVÉS da minha vida e assim por misericórdia, graça e capacitação no Senhor, não faço o quê Ele quer fazer na MINHA VIDA, mas faço aquilo que ELE QUER FAZER, algo que não é centrado em mim, mas é centrado NA SUA OBRA. 

Nesses últimos 2 anos no meu ministério, eu tenho conhecido uma perspectiva nova e sobrenatural do servir ao Reino de Deus, e isso tudo que estou redescobrindo, está bem mais além de uma dança, além dos pés e dos passos, além da excelência e da música, além de uma execução perfeita e dos sorrisos nos rostos.

 É impressionante e assustador de como a arte, pode temporariamente iludir a percepção do ser humano. Alguns acham que nem são seres humanos, podem achar que são sonhos ambulantes, personagens perfeitos e idealizados que perambulam nos palcos para fazer rir, chorar ou emocionar.

 Além da dança, existem pessoas, seres humanos, cheios de qualidades e de defeitos, cheios de alegrias fúteis e inúteis, cheios de medos, e de fraquezas. Por trás de um artista, existe um "serzinho", cheio de problemas e angústias, e esse artista, ainda mais sensibilizado e entremeado à sua arte, disfarça sua dor e sua deformidade, atrás de sua auto-suficiência e talento. Artistas doentes e frágeis, artistas com falhas graves de caráter, artistas que sofreram traumas, artistas que precisam de amor e principalmente artistas cristãos, que precisam cada vez mais lutar contra o seu ego, e viver com o caráter de Cristo. E isso, não é algo simples, e não é algo que se resolve com um ensaio, é algo a ser lutado a cada dia. 

Quem são verdadeiramente esses seres humanos artistas? Uma cena perfeita é um objetivo tão pequeno, diante da vida do ser humano. Essa ótica é tão nova e tão obscura, que para andar nela, é imprescindível estar em Deus e com Deus. 
Até onde um líder tem direito de intervir? (Me pergunto sempre, e insistentemente). Tantas danças, tantas cenas para corrigir, e o líder ainda se incomoda com o caráter do artista. 
Às vezes o conselho de um líder pode ser duro, e até invasivo. É uma mistura de certeza de que é preciso falar com o medo de magoar, que dói e gera dúvida. Mas lá no fundo do coração, a direção e o discernimento de Deus vão dando a paz necessária para ter coragem de intervir. É tão simples e tão difícil, são palavras e lágrimas que passam na mente, de um coração batendo forte, e com o desejo final de ser compreendido, e que aquele tal "serzinho", tão frágil quanto você, se cure, se desenvolva, e cresça... Você se sente tão grande e tão pequeno, Que tipo de amor é esse? Confesso que ainda não sei explicar, A cada dia que passa, tenho experiências novas e únicas, que constrói e desconstrói meu conceito e percepção da verdadeira liderança. Eu penso que a liderança deve ser algo mais profundo, do que simplesmente gerar um efeito técnico, ou de sensibilidade espiritual. 
É assustador, ver nos olhos de artistas lindos, capazes, que fazem e até ensinam fazer, mas que são doentes em algumas linhas do caráter e da mente. O amor, o cuidado, e o zelo, tem me desafiado a cada dia, sofrer uma transformação, e ter coragem de alertar, de ensinar e de ser melhor para ser exemplo, para somar e para também mudar e honrar o título tão esteriotipado de Cristão. 
É desafiador e inquietante. Chega um ponto que a dor do outro vira sua dor, e que as inquietações só são resolvidas, quando são faladas, e libertadas da prisão da mente. 
Que mente é essa do Ser humano? Que sonha e aprisiona? Que idealiza, mas acusa a si mesmo? Que se valoriza, mas que sofre complexos de inferioridade?

Esse texto é um choro de preocupação e alegria do dia a dia de uma líder. Um texto que não tem bem um começo, e nem um fim, pois ele faz parte de um processo.
Estou vivendo intensamente meu ministério, estou vivendo um arco íris. Uma fase de mudanças, de conquistas, é claro de lutas e desafios, mas a cada dia, tenho me sentindo estar no lugar em que Deus está agindo e me sinto servindo e somando para esta obra.

Mudar não é fácil, e nessa fase de transformação e mudança, descanso e vivo... um dia de cada vez, um mal de cada vez, e um fruto de cada vez. E assim a árvore cresce e novas sementes germinam.

26 de julho de 2012

Nóis é pobre, mas somu artista!

Ao escrever esse texto, não sabia se eu ria, ou se eu chorava. A falta de investimento financeiro à Arte Cristã é uma realidade,  tanto da parte das igrejas locais, quanto da parte da mídia. O que nos resta? Sermos criativos! Inventar e reinventar, fazer uma pose desconjuntada e ainda assim sair com estilo. Papel, papelão, madeira, tinta, retalhos, roupas antigas... Tudo isso, com um toque de criatividade e amor, transformam nossa necessidade em novas possibilidades. E mesmo sofrendo diante de tanto aperto, conseguimos não somente valorizar a arte de um modo geral, mas principalmente honrar o título de ARTISTA!


Preto básico, olhos cobertos com retalhos antigos
Esse texto é inspirado e dedicado à maioria dos grupos de arte cristã que existem no Brasil. Eu descrevo sem medo de errar um pouco do perfil dos nossos grupos de artes: São normalmente compostos por adolescentes e jovens (Não têm dinheiro!), muitas vezes não possuem um local com espaço e estrutura para realizar seus ensaios, a maioria dos integrantes são pessoas que não são formadas em escolas de arte e academias, e carecem de apoio técnico, e sobre tudo esses grupos não têm o apoio financeiro direto da igreja local. 

Embora seja notável o poder, o impacto e a capacidade de transformação da arte. É um fato que ela ainda não seja vista como algo que mereça investimento financeiro. É triste, mas é uma realidade, acredito que em processo de evolução e amadurecimento, mas ainda é um estado real.

Pois bem, qual é a saída e a estratégia que esses grupos tem para confeccionar seus figurinos, construir seus cenários, e finalmente elaborar suas obras e criações artísticas? A maioria deles deixa a igreja “quase que diabética” de tanto vender doces, realizam sorteios, usam de toda a sua criatividade para arrecadar dinheiro e finalmente ter recursos para construir algo dito como belo, e apresentar. Como bons Brasileiros, procuramos sempre dar um “jeitinho” e transformar uma idéia simples em algo grandioso.
Espécie de papelão, cola e purpurina

Através desse texto, eu gostaria de compartilhar algumas estratégias (aparentemente óbvias) de como manter um grupo esteticamente apresentável, de forma simples e principalmente econômica! Devo dizer que é preciso muita disciplina e dedicação, mas principalmente criatividade!

Muitas pessoas comentam a respeito dos figurinos da Cia de dança Gileade (Grupo que lidero), e de fato temos um número considerável de roupas, figurinos e etc. Mas isso é devido o tempo de existência do grupo, e também do cuidado perante a preservação das roupas. Nenhum grupo que está começando agora, deve se cobrar absurdamente com relação a isso.
Antigamente eu confesso que eu não imaginava passar muito tempo sem confeccionar novas roupas, sem pensar em algo diferente, atual e moderno. Mas ultimamente eu tenho visto que valorizar o simples tem sido uma boa escolha. 

A dança contemporânea nos trouxe um perfil mais autentico para os figurinos atuais. Além disso, possibilita à dança leveza, liberdade de criação e maior praticidade com relação às roupas usadas. Mas, atenção! O contemporâneo secular utiliza o corpo por si só, e muitas vezes se detém a figurinos inapropriados para nosso perfil. Devemos usar o bom senso e nos basear nos princípios cristãos, e isso, deve ser observado em cada detalhe, seja na criação de uma peça, seja na escolha de um figurino.

Estratégias:

- Responsabilidade

Cada integrante do grupo precisa ser responsável por aquilo que usa. Se não há cuidado com algo simples, não há cuidado com algo complexo. Confiança é algo que se demora a construir, e dentro de uma relação ministerial é preciso ter confiança. O outro entender e ter certeza que você será responsável por alguma coisa, leva tempo, mas não tem jeito! Precisamos acreditar nas pessoas, precisamos confiar que cada um fará o quê lhe foi proposto no grupo. Complica mais ainda quando essa confiança é quebrada. É muito mais agradável quando estamos em um ambiente quando todos são colaboradores e sobre tudo, todos são responsáveis e cuidadosos com aquilo que usam ou que fazem. Então, Vamos ser responsáveis!

Papel brilhoso simples
- Organização

Nada funciona administrativamente se não houver ordem. É imprescindível que se tenha cuidado com tudo que seja do grupo de arte, seja roupa, objeto cênico, cenário, tudo! O ideal é que o grupo tenha um local fixo para se guardar esse material, se não houver, é preciso ainda mais ordem para se localizar cada peça, e que elas estejam disponíveis e acessíveis quando preciso. Muitas vezes um grupo só percebe a falta de alguma coisa quando ela desaparece, e há situações que o objeto perdido não aparece mais. Essa situação não pode se tornar um hábito, pois assim um grupo nunca chegará a um crescimento constante. Um grupo pode ficar limitado para a execução de alguma apresentação por falta de seus acessórios, e isso é inaceitável! É preciso sempre conferir a quantidade de peças, manter a higiene e limpeza das roupas e a praticidade para seu uso. Vamos ser organizados!




Banner (inutilizado), com pichações e pinturas
- Bom senso

Um grupo para obter algo precisa ter bom senso, ninguém chega à um degrau muito alto, sem antes subir os primeiros. Um dia de chuva é diferente de um dia de calor. E uma pessoa para ir à praia se veste diferente de uma pessoa que vai à um casamento. 
Pois bem, o quê eu quero exemplificar com as frases acima é que temos que saber o quê vamos apresentar, da forma que vamos apresentar e para quem vamos apresentar. Temos que atentar aos diferentes ângulos de figurinos, peças e estilos do grupo diante do público alvo, e é claro, respeitando as especificidades de cada ministério de arte.

Quero trazer algumas dicas básicas quanto aos figurinos para quem não tem muito recurso, ou para grupos que estão começando. E que cabe também à grupos mais antigos que gastam fortunas com seus figurinos.

Valorizem peças de cores neutras: preto, branco, beje e cinza. Essas cores dão possibilidades diversas de combinações.
• Valorizem sobreposições: Tenham uma base de roupa e troquem as vestes de cima, isso economiza muito! E dá um visual totalmente novo ao figurino. Além de em caso de espetáculos com troca de roupa, não há algo mais prático do que não mudar a base.
• Valorizem o colorido: Nem sempre o “todo mundo igual” é a opção, procurem manter um padrão, mas é super valido a variação de cores.
• Antes de se preocupar com quantidade, se preocupem com a qualidade, e além disso, observem a aplicabilidade. Priorizem para que o grupo tenha no mínimo, uma roupa acessível à várias ocasiões. Algo que seja intermediário, que não seja muito simples e também não tão “chique”.
• Valorizem acessórios: Faixas, tiaras, lenços, cordas, chapéus, luvas, são acessórios de baixo custo que fazem toda diferença na composição do figurino!

Camisa branca simples, customizada com fita azul
- Criatividade

A criatividade é intrínseca para se realizar qualquer coisa dentro de um grupo de arte, mais ainda quando não se tem dinheiro! Haja criatividade! (risos)

Algumas dicas básicas e muito úteis!

Se aquela roupa da promoção te irrita por ter uma quantidade absurda e você ter certeza que várias pessoas vão comprar e ficar igual a você! Veja isso por uma ótica diferente! Essa peça é confortável para dançar? Dá um bom uniforme para um grupo de teatro? Negocie! Planeje! Que às vezes dá para ter um belo uniforme de forma econômica e rápida (sem precisar enviar para a costureira).
Nem sempre o lixo é lixo! Então RECICLE! Observe as coisas com um olhar artístico, materiais como papelão, lona, plástico, metal, madeira são altamente recicláveis! Pense e crie! Tenho certeza que você fará algo muito simples, porém belíssimo. Peça para Deus te inspirar e olhe as coisas sob um olhar diferente! E alem do mais, ainda ajuda a preservar o planeta! (risos)
Não tenha medo de inovar, use novos materiais, novos padrões, novas idéias. É claro use o bom senso, mas deixe a criatividade brotar!

Bem, isso foi um pouco do pouquinho que tenho visto que funciona. É claro que dá gosto trabalhar na fartura, ter dinheiro para comprar e pagar todas as necessidades do grupo. Mas nem sempre isso é possível à primeira vista. E eu afirmo, dá para ser feliz com pouco (risos), e fazer grandes espetáculos sem muito recurso. 

Deus abençoe cada ministério de arte de cada igreja, e que todos nós possamos dar o melhor de nossos talentos e sermos cada vez mais criativos para o aprimoramento da arte cristã. Jesus é o filho de Deus, é grandioso, porém Ele é um Deus simples, que trabalha na simplicidade. Seja criativo! Com Jesus o pouco é muito!
Tubos de papelão pesado (achados no lixo) encapados com contact prata

11 de julho de 2012

O oculto do culto do líder

Há quem diga que é fácil ser líder, Existe quem daria tudo para ser um líder. Se alguém perguntasse: Quem quer ser o líder? Quem quer ocupar o lugar de destaque? Quem quer ter o “privilégio” de tomar as decisões e dar os comandos? Há quem (internamente e com muita pretensão), imediatamente levantaria suas mãos.
É muito difícil aceitar um líder ou um superior. Parece que ele faz por querer magoar ou ferir, parece que as minhas idéias são sempre melhores que as do meu líder, parece que eu agiria de uma forma mais doce se eu fosse o líder. E como sempre, os seres humanos vão se achando uns melhores que os outros, e não entendendo a opinião dos outros e nem as decisões dos seus líderes. Julgam, lançam palavras e pedras sem entenderem nada! Fato.
Mas quem diante de tantas cobranças, diante de tantas responsabilidades, quem entende o líder? Na maioria das vezes ele não tem com quem compartilhar suas angustias, seus medos, suas inseguranças ou suas incertezas. Há quem pense que um líder é imune a esses tipos de sentimentos. É uma verdadeira tolice, pois todos são seres humanos, e todos sujeitos há males e dores.

É fato que o líder precisa estar arraigado às características intrínsecas de uma postura de líder, de exemplo e etc., principalmente quando se refere à um líder Cristão. Para ser líder, é preciso primeiramente estar disponível, com o coração aberto, é dar prioridade ao outro, é ter que muitas vezes renunciar suas escolhas, é em muitos momentos não estar bem e precisar estar presente, é suportar e sentir uma dor que não é sua, é ser julgado com um peso imposto pela sociedade que Jesus não mandou pesar. É dentre tudo isso, não esperar retorno e ficar feliz quando ninguém reconhece seu trabalho, sua dedicação e seu amor. É triste às vezes, a cruz é pesada. É uma constante exigência por perfeição e amor incondicional. É ser quase alguém capaz de entender tudo de tudo e de todos. É você querer sempre o melhor, e os liderados não entenderem, ou julgarem você de forma errada. E ainda sim, você ter amor, força e perspectiva de crescimento.

Eu penso constantemente em uma fórmula ideal de liderança e descobri que não existe. É uma verdadeira balança psicológica. Você é líder, mas ao mesmo tempo é amigo, é líder, mas ao mesmo tempo é irmão em Cristo. É custoso construir um respeito sem impor uma ditadura. Pessoas são diferentes e recebem sua palavra diferente, te interpretam diferente.

Eu acredito que todas as áreas tenham sua dificuldade de liderar, embora minha maior e atual liderança seja exercida em crianças e adolescentes, eu já pude vivenciar um pouco de todas as faixas etárias.
A criança você recebe a maior gratidão, ela têm um prazer de aprender e enxerga você como referencial, em contrapartida, ela não sabe a hora de se concentrar, confunde algo sério com brincadeira.
O adolescente é uma verdadeira bomba, de idéias, de disposição, de mudanças e transformações, e o lado emblemático é impor o respeito, impor a ordem, entender sua necessidade de ser visto, de ser igual ou diferente, de ser o melhor.
A fase de jovem é de mais maturidade, são ações e escolhas mais em cooperativa, em conjunto, uma visão mais democrática, por outro lado são pessoas que já estão terminando de construir sua visão de mundo, suas idéias e que buscam reconhecimento.
A fase adulta envolve pessoas que têm suas vidas, seus problemas, suas visões e suas críticas, são mentes quase que petrificadas, e estáticas com seus modelos éticos e morais. Apesar de ser desafiador, liderar em uma fase adulta, (ao menos para mim, que ainda sou uma jovem), me gera absoluto crescimento, viabilizo trocas de experiências, e fortifico minhas linhas de raciocínio.
Embora tão diferentes todas as áreas convergem para uma vertente de características, todos precisam ser entendidos e traduzidos, todos querem amor e compaixão (se colocar no lugar do outro), todos os liderados querem ser ouvidos.

Eu acredito que um verdadeiro líder está sujeito à tudo isso. Entender, interpretar, explicar e direcionar o liderado e o todo. É um ser de grande personalidade, carisma e amor que luta pela busca de um aperfeiçoamento e crescimento em todos os aspectos.
Às vezes eu acho que acreditam que o líder não tem sentimento, que são autoridades que só querem mandar, escolher e palpitar! Não é assim! Por favor, não julguem tanto assim!

O quê consta nas entrelinhas? Ninguém sabe as angustias que passam na cabeça de um líder. Na dor diante dos problemas pessoais, no questionamento em saber que algum companheiro está desviado dos caminhos do Senhor, do medo da reprovação de seus liderados, medo da rejeição, medo da crítica, medo do peso, medo dos aborrecimentos, medo das discordâncias, medo do medo, constantemente enfrentados e guerreados no dia a dia da liderança.

Alguém pode dizer: Nossa! Aquela pessoa “se sente”, ele “se acha o dono da verdade”, ele que toma as decisões, ele que recebe os elogios.
Mas e a cobrança? E as escolhas? E os problemas? E a culpa? Ninguém fala dessa parte. As pessoas precisam refletir e entender melhor os seus líderes. Isso inclui todas as instancias, pastores, professores, patrões e etc. Como ser um líder se antes não se sabe ser um bom liderado? O quê o líder deve pensar? Como se constrói confiança sob uma personalidade volátil? Que só sabe invejar, julgar e julgar e se julgar ser melhor, fazer melhor. Quem vai entender o líder? Quem? Em uma visão sociológica e menos espiritualizada vai compreender as questões internas de um líder?

Eu penso que seja mais fácil julgar a liderança, tendo em vista que os seres humanos só querem agradar a si próprios e a liderança em si não visa a si próprio e sim um contexto. Se existe uma liderança é porque pessoas precisam de uma diretriz, e este cabeça está embutido no corpo do grupo. Há pessoas que acham que o líder quer fazer de tudo para contrariar a opinião do grupo. Isso não tem lógica. O líder pode até pensar às vezes em si próprio, às vezes ser egoísta, às vezes ser soberbo, mas no fundo, na essência de líder, sempre vai objetivar o grupo, o todo.

Os artistas por si só já são seres mais sensíveis, que imaginam e idealizam de uma forma diferenciada. Quanto mais os artistas que são líderes, são ainda mais responsabilidades e inquietações internas e obscuras que ninguém vê! Só Deus vê!
Um amigo (irmão em Cristo e também líder) me enviou uma mensagem no Facebook, que foi além de carinhosa, foi uma mensagem de esclarecimento e de ânimo. 

"é por isso que Ele te escolheu... te chamou e te capacitou... por causa do seu coração e do seu comprometimento com o Reino... é normal quando vc deseja que as pessoas sejam como vc... é normal que nem todos tenham a mesma paixão que vc... é normal que nem todos tenham o mesmo compromisso e dedicação que vc... é por isso  que Deus te separou como líder... porque vc é assim... se doa mais que todos... e o líder é assim. Mas o resultado é impressionante, motivante e nos faz entender que vale a pena pagar o preço." (Márcio Mattos)

Acredito que só um líder entende outro líder, por isso Jesus nos entende, Ele foi um exímio líder, impecável e perfeito, que foi julgado e muitas vezes criticado, mas que sempre se manteve na orientação suprema do Pai celestial, esse era o segredo para tal carisma e perfeição nos seus atos e escolhas, era obediente e submisso. Era um líder de grande autoridade, mas sabia ser liderado por seu líder, que é Deus.

Quem está lendo esse texto, pode me achar muito determinista ou revoltada, mas não tenho medo das minhas afirmações. Alguém só pode acrescentar algo, quando vive a experiência. Sou segura ao afirmar, pois já fui liderada, e hoje sou além de liderada, uma líder. Sei bem o que passa na mente de quem é submisso, ou precisa ser submisso, mesmo quando não concorda com o superior. E mesmo vendo meu ministério em constante crescimento, mesmo me auto-afirmando como alguém que amadurece e que melhora. Ainda me deparo com pedras, com fraquezas, com acusações, e julgamentos que são indignáveis e insuportáveis.

Eu penso: Porque os seres humanos impõem constantemente uma visão estática sobre as pessoas? Se nem elas (as que julgam) são estáticas? Por quê? Para quê? É como se torcessem para que o superior esteja errado.
É como se estivéssemos caminhando numa corda bamba de quem erra menos, e como se essa queda nos levasse diretamente para um inferno de relacionamentos, de aceitação e de merecimento. Como alguém de grande valor, vira algo indiferente?

As pessoas precisam pensar menos em si próprias, e pensar no benefício do todo. Quando se está em um grupo, é preciso pensar no contexto, no todo, e não em gratificações individuais. O líder é o representante do todo, e cabe à ele a responsabilidade de zelar por este todo, de ser justo, mesmo que possa ser julgado erradamente, não sendo entendido, ou até mesmo maltratado.

Tenho certeza que bons líderes, compreendidos ou não, terão boa recompensa espiritual, assim como os liderados que souberem ser liderados, e que honram os seus líderes, que os respeita, que os admira, com certeza estes também serão honrados pelo Senhor, e, além disso, estes sim serão bons líderes. 

Quem cuida do líder? Quem discípula o líder? Quem ajuda a tratar os pecados do líder? E este líder, será julgado ou entendido como os seus liderados? Será apedrejado por ser aparentemente imutável e incorruptível? O líder é falho, e deve ser ouvido e entendido como um ser humano e não como um super herói.

Creio que o caminho para um crescimento e amadurecimento de um líder não somente como um líder, mas como um ser humano. São pessoas que ajudam pessoas, para ajudarem outras pessoas, líderes que ajudam outros líderes, e assim, todos caminham juntos, sobrevivem e se mantém. Não mantém e fortificam somente a obra, mas também os construtores.

Devo destacar e honrar relevâncias de pessoas na minha liderança. Eu considero essas pessoas como grandes guerreiros, que como diz o apóstolo Paulo a Timóteo: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”.
Essa fé guardada pode ser simbolizada como experiências guardadas, e que ao desenvolver da carreira, são experiências mais processadas e digeridas, ao ponto de aconselhar com eficácia, clareza e instintivamente diante de uma emblemática, saber o quê fazer.
Louvo a Deus pela vida das pessoas que são meus socorristas em um momento de pavor, de dúvida, de problemas pessoais ou no pensar que meu trabalho e dedicação na liderança não valem à pena. São verdadeiros carimbos para documentos feitos e recargas para uma bateria fraca.
Meu sincero agradecimento e honra aos grandes líderes, que choram minha dor, e lutam comigo a guerra, e à estes poucos que ouvem, entendem e aconselham as inquietações e angústias de uma jovem líder. Muito obrigada, Mirian Reiche, Eneide Ferreira, Patrícia Ferreira, Patrícia Malafaia, Davi Gomes, Daniele Gomes, Leandro Novaes e Débora Neves.

Dedico este texto a todos os líderes e pessoas ditas como exemplo e referência, todos aqueles que foram escolhidos pelo Senhor para desempenhar um papel de destaque, porém de muitas batalhas. Quero dizer que vocês são amados, e os seus trabalhos não serão em vão, combatemos então o nosso combate e vamos prosseguir com nossa carreira, pois ao final com certeza guardaremos a nossa fé.

23 de junho de 2012

Contido na canção

Eu sou uma pessoa intimamente ligada à música. Costumo dizer que ouço músicas compulsivamente (risos). Sou bem eclética, gosto de tudo. Acho incrível a imensa variedade de estilos e letras e me encanto ao ver a capacidade da música por si só, envolver uma pessoa. 

Tem músicas que me fazem viajar no tempo, lembrar de momentos passados, outras lembram pessoas e outras músicas até geram sonhos. Enfim, acredito que seja um senso comum, tal importância da música na vida de alguém. Porém, algo que tem me intrigado profundamente é a falta de atenção em relação à letra e sobre tudo ao conteúdo da canção. 
A proposta de que venho apresentar é a análise musical, ou em melhor modo dizer, um estudo da mensagem da música. Só assim faremos da nossa arte, uma mensagem com conteúdo, e de fato, em algo que é transformador.  

Nós artistas cristãos, usamos a música constantemente em nossas atividades, seja ela tocada por um instrumento, cantada, dançada, encenada ou simplesmente ouvida no momento da adoração. É fundamental e indispensável o profundo estudo da canção. Precisamos saber e entender a essência daquela criação, para saber primeiramente o quê ela quer nos passar e depois o quê vamos passar para o público. 
Muitas músicas são audivelmente lindas e agradáveis, porém são fracas de mensagem.  Outras não são tão prazerosas de se ouvir, mas contém uma letra insubstituível. E graças a Deus, o grande inspirador, que também existem músicas lindas e perfeitas em todos os sentidos. Na minha opinião o segredo para isso é a sensibilidade a Deus, não somente à presença, mas ao que Ele quer falar, dizer ou escrever através de nós.  
Eu fico profundamente indignada aos cantores ou líderes de um modo geral que ao invés de se deixar inspirar, preferem lançar trabalhos ou músicas praticamente iguais e repetitivas umas das outras. E acreditem isso não é esperteza, isso é quase “burrice”! E um verdadeiro desperdício! Nós temos o maior criador! A maior fonte de inspiração de todas! E ainda é inesgotável!

O dom vira rotina, a dança vira contagem, e a música partitura. E os corações que ouvem a música por sua vez declaram frases que não vivem, afirmam votos com Deus que não vão cumprir e profetizam um amor cego. É a completa estagnação da sensibilidade ao que está verdadeiramente contido na canção.  Nos momentos de adoração, a cabeça pensa em tudo, menos no que está se cantando, pensa no que vai fazer depois do culto, pensa no que a pessoa ao lado está vestindo, e os lábios estão lá, roboticamente cantando uma letra vazia ou cantando uma mensagem rica, mas que não está atingindo o coração. 
Quando estamos ministrando, muitas vezes estamos selando votos com Senhor, e pela emoção, ou pela falta de dircenimento, não identificamos nossas ações e desvalorizamos nossos propósitos com Deus, fazendo de nós tolos.

Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o. Melhor é que não votes do que votares e não cumprires. 
Eclesiastes 5:4-5

Eu tenho vivido momentos, que ao ouvir uma música, eu me acalento, é como se eu pudesse declarar tudo dentro de mim, através daquela mensagem, daquela letra. Quando ouço ou danço alguma música de alegria, quero ouvir detalhadamente o que eu estou declarando ali. Isso faz minha adoração ser sincera, faz meu louvor e ministração algo natural e não fingido.
Eu escuto observações em relação as minhas ministrações com a dança. As pessoas dizem que sentem algo diferente, que ao me ver dançar eles vêem algo diferente. Eu não tenho magia nenhuma ao dançar, o que eu faço é simples, e é algo à ser praticado por qualquer cristão que deseja ser um adorador segundo o coração de Deus. Entender a essência da música é o que leva a pessoa à adoração perfeita. 
Deus é inteligente, Ele não quer que sejamos ventríloquos, manipulados por uma batida, ou por um momento de adoração coletiva. “Afinal todos estão cantando no momento do louvor, eu também vou cantar, eu tenho que cantar. Mesmo que eu nem se quer saiba o quê eu estou cantando.”

Eu peço sempre a Deus que a cada música ouvida, a cada louvor declarado, eu possa receber realmente o quê a essência da letra quer me propor, seja cura, seja entendimento, seja mudança de hábitos, seja arrependimento, ou qualquer outra coisa que Deus quiser me mostrar, eu quero entender exatamente o que está contido na canção.

Caro amigo leitor, se você se identificou com essa mensagem, se você assume que seu louvor e sua adoração estão vazios de entendimento e fracos em transformação de vida, eu lhe aconselho, faça uma oração, peça a Deus que aguce seus ouvidos e aumente sua sabedoria. E assim, cada música ouvida, ou ministrada será mais que uma simples canção, será mais um passo para a sua aproximação ao caráter de Jesus.

15 de junho de 2012

Palavras

Uma das características importantes e indispensáveis em um bom líder é a capacidade de comunicação. Alguém que sabe se comunicar é portador de um domínio que vai além de simplesmente falar, mas também de persuadir e convencer o ouvinte à alguma verdade. 
Pois bem, até agora eu só disse aspectos positivos, mas a proposta desta mensagem é induzir as pessoas não somente a falar, mas escolher as palavras certas. Nesses anos de ministério eu tenho sentido na pele, que uma palavra pode erguer ou destruir um ser humano.

Em diversas situações da minha vida eu me abati, simplesmente por palavras, às vezes ditas sem intenção, mas que eram suficientes para me matar naquele dia. Você pode achar que é infantilidade, ou fraqueza emocional, mas pude vivenciar e comprovar a eficácia do poder de uma palavra.
Infelizmente, vivenciei momentos que até os meus próximos não sabiam me enviar uma boa palavra. Eu estava mal, confusa, e para estragar tudo de uma vez, eu recebia mensagens de desencorajamento e de rancor. E eu ficava ainda pior.

Depois de anos, de errar várias vezes com meus liderados, depois de muitas vezes mudar minha maneira de pensar. Eu vi que as minhas palavras também estavam sendo lançadas de forma errada. Descobri também a importância do relacionamento, e quanto o ser humano depende um do outro. Por isso, devemos investir em saber exercitar nossa comunicação. Cada palavra que enviamos a alguém é significativa para a vida da pessoa, seja ela dita sem ou com intenção, com amor ou raiva. Vai fazer parte da vida dessa pessoa, do psicológico dela, vai ser como um tijolo na construção de seu caráter, nas suas decisões, e em toda e qualquer situação que ela viva.

“A humanidade não foi criada para a independência, mas para a interdependência. Só conseguimos perceber nosso potencial quando assumimos o risco de acreditar uns nos outros, ser transparentes uns com os outros e honrar as pessoas, especialmente as que merecem.” (Livro – As 10 Leis Fundamentais do Relacionamento, Robb Thompson)

Apesar de sempre ter sido bem comunicativa e espontânea, eu sempre me preocupei se eu saberia dizer as palavras certas na liderança. E constantemente orava a Deus, pedindo confirmações do meu chamado. Certo dia, fui contemplada pela palavra do Senhor dizendo a mim em Jeremias 1:6-9

“Então disse eu: Ah! Senhor Jeová! Eis que não sei falar; porque sou uma criança. Mas o Senhor me disse: Não digas: Eu sou uma criança; porque aonde quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás. Não temas diante deles; porque eu sou contigo para te livrar, diz o Senhor. E estendeu o Senhor a sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca.”


Daquele dia em diante, perdi o medo da liderança. E Sabia que Deus estava me guiando e que com certeza Ele iriam me mostrar o quê fazer em diferentes situações.
Na prática da liderança, inúmeras vezes eu precisei conversar com meus liderados, aconselhar ou simplesmente ouvir. E no meio do diálogo eu tentava decifrar o que verdadeiramente aquela pessoa estava tentando me transmitir. A capacidade de comunicação não é apenas verbal, mas também visual. É um emaranhado de sinais subjetivos e de perguntas e respostas. A missão é sempre montar o quebra cabeça e enviar uma mensagem de conforto e de força. Não palavras prontas, mas aquela que a pessoa precisa realmente ouvir.

Deus se preocupa com os relacionamentos, por isso ele nos orienta, e se dispõem a nos ajudar a falar! Ele quer que falemos não palavras de mal e de morte, mas palavras de vida, e de vitória! A representação de Jesus na terra hoje é através de outras vidas, por isso devemos estar sensíveis à sua voz e falar as palavras que Ele colocar em nossa boca.

Se você se identificou com essa mensagem, primeiramente ore a Deus, peça perdão por tantas palavras lançadas que muitas vezes mataram outras pessoas, e destruíram sonhos. Peça ao Senhor que a partir de hoje, seus lábios profetizem bênçãos, que as suas palavras gerem vida e que cada uma delas possa ser enviada por Deus.

8 de junho de 2012

Não posso!

A vida de uma pessoa que é envolvida na área da arte, normalmente é repleta de eventos, de compromissos, e principalmente de ensaios. É necessário amor, dedicação e, sobretudo responsabilidade. É preciso empenho de cada integrante do grupo para o trabalho ser bem sucedido.
A vida não é perfeita, e nem sempre todos poderão estar presentes e bem dispostos em todos os momentos.
Para alguém de compromisso, e que é fiel a Deus e ao ministério, justificar sua falta, ou explicar porque em dado momento não se dedicou tanto, normalmente é a resolução da situação, pois um grupo amigo entende, e tudo fica bem e em paz. Aparentemente, não há nenhum problema nisso. A problemática da questão é a constante "desculpa".

Convido vocês, meus caros artistas cristãos, a se perguntarem agora. Será que quando digo que estou indisposto ou doente para fazer alguma coisa do ministério, realmente estou?
Se o texto for lido sem uma reflexão profunda, provavelmente cairemos na mesma questão problema. A defesa interior. Porque até para nós mesmos, é melhor e mais confortável repetir: "Eu não fui ensaiar porque estava muito doente" ou "Eu não fui ao ensaio porque eu não tinha condições financeiras" ou "Eu não fui ao ensaio para estudar" E por aí vai.
Venho reiterar, sempre estaremos em algum momento sujeitos a passar realmente por alguma dessas situações. Mas o que eu quero propor, é que haja uma reflexão, se a "desculpa" para não fazermos o quê nos foi imposto naquele momento, é real.
A mente humana é assustadoramente defensiva. Às vezes a pessoa, se atrasou porque estava fazendo algo na hora errada, às vezes está com preguiça ou com vontade de estar em outro lugar, e esta, se convence de que está doente, e não poderá cumprir com o compromisso, não por ser irresponsável, não por preguiça ou desleixo, mas por algo plenamente justificável. A culpa é menor se a falta for por um problema de saúde.
Encontro-me às vezes nessa situação. Engano a alguém, mas antes enganei a mim mesma, e me convenço que estou realmente mal! A gente se convence da mentira que a gente mesmo está contando! Que bizarro!
E o pior, é quando realmente estou mal, quando realmente eu preciso faltar, quando eu realmente preciso descansar. Aumenta ainda mais a inconstância no grupo.
Devemos sempre nos analisar e julgarmos nossa impotência e necessidade real e o que devemos fazer ou não fazer em determinado momento.
Não é qualquer “dorzinha”, problema ou desestimulo que pode enfraquecer os artistas cristãos! Devemos selecionar as situações de maneira honesta, não só com as pessoas do grupo no qual participamos, mas principalmente com nós mesmos.
A obra de Deus sempre vai continuar independente que você desempenhe seu papel. Porém, Deus se agrada quando ouvimos a sua voz e a sua ordenança.
Quanto mais pessoas resolvidas interiormente, bem dispostas para o Reino, quanto maior for o desejo de proclamação do amor de Deus, maior é a excelência oferecida a Deus.
É dar primazia ao Reino. É se oferecer como instrumento, não pela metade, mas de forma integral.

Querido artista de Jesus, se você se identificou com essa mensagem. Faça uma oração, pense se em todas as vezes que você disse “Não posso” foi algo real e significante. Peça perdão ao Senhor. E a partir de hoje, seja alguém honesto com a obra de Deus, seus irmãos e principalmente consigo mesmo. Deus com certeza te fará alguém de estratégia, alguém mais forte, mais disposto e menos suscetível aos problemas da vida.

5 de junho de 2012

Espetáculo "Máscaras"



A apresentação exemplifica uma interiorização à mente humana e seus pensamentos. O “Eu” interior e suas diferentes faces é a representação da luta ideológica sofrida pelos seres humanos, onde ele próprio não sabe sua essência. Por medo, insegurança ou aceitação, o homem mascara esse “Eu” confuso e desconhecido e se perde dentro de si mesmo, sem saber se é alguém bom ou ruim.

O 1° Ato trata das máscaras, que impedem a aproximação do “Eu” interior ao caráter idealizado. No primeiro momento, as máscaras se colocam em posição atrativa, de modo a persuadir o “Eu”, e no segundo momento se colocam de forma ameaçadora, levando à contaminação e perseguição do “Eu”. O 2° Ato é a interiorização, a dúvida, o questionamento e a explicação de como é a identidade idealizada. Em primeira instancia, é demonstrado um “Eu” interiormente perturbado e em dúvida de sua essência e em segunda instancia, é construída a identidade essencialmente divina e que se parece com seu criador. O 3° e último Ato é a vida sem máscaras, onde mostra a postura de alguém que sabe sua verdadeira identidade, que não se conforma com o mundo em que vive e que apresenta uma genuína adoração a Deus.

O propósito do Espetáculo Máscaras é trazer a reflexão humana ao reconhecimento de seu verdadeiro “Eu”, para buscar um caráter reto e íntegro diante de Deus e poder viver uma vida transparente, real e sem máscaras. Aparentemente a proposta do musical pode ser até utópica, porém, todos nós seres humanos, tivemos o exemplo vivo de homem com essência divida, Jesus Cristo, mostrando que é possível ser homem na terra e possuir um caráter e uma personalidade idealizada por Deus.


O Espetáculo Máscaras foi inspirado posterior ao culto “Vivendo sem máscaras” realizado pelo Dep. de Adolescentes da Igreja Assembleia de Deus em Jacarepaguá em 2011. Foi escrito, estruturado e trabalhado em 1 ano e coreografado em 5 meses.  A apresentação tem duração de 45 minutos e é basicamente construído em músicas e interpretação através da dança. Para maior liberdade de criação, não foi limitado e especificado à algum gênero da dança, foi escolhido o estilo livre para a criação das coreografias, que aborda diversos gêneros, como Ballet clássico e moderno, Jazz, Contemporâneo e Street dance.

O corpo é formado por 19 bailarinos (10 pertencentes à Cia de Dança Gileade e 9 pertencentes ao X - Praise dance), sendo estes distribuídos em 6 personagens: 4 representações do “Eu” interior, onde o 1° é o “Eu” corruptível, o 2° é o “Eu” contaminado e perseguido, o 3° é o “Eu” dúvida, e o 4° “Eu” é a identidade idealizada, O 5° personagem representado por 14 dos bailarinos é a Máscara, Por fim, o 6° personagem, é a configuração da figura Divina e esta faz a comunicação do próprio Deus com o homem.


O processo de criação desse Espetáculo foi longo. Meu desejo era apresentar ele bem antes, e não imaginava que ele fosse tomar tão grande repercussão, e muito menos que Deus iria me tratar de foma tão singular.

Essa criação, foi um profundo tratamento espiritual que Deus fez comigo. Tive instantes tão autênticos com Deus, que eu achava que eu estava ficando maluca, Mas hoje entendo os ensinamentos que ele desejava me passar.
Durante 1 ano, que foi o período de estruturação do Espetáculo, Deus atuou em todas as áreas da minha vida e em todas me fez passar por experiencias incríveis, que me levaram  à  amadurecimento.

Todas as pessoas tem suas interiorizações, seus questionamentos internos, e dúvidas que são intrínsecas ao ser humano. O mais incrível é que eu pude descrever e explicar como eram essas minhas questões.
Constantemente eu me julgava ser alguém ruim, alguém não digna de elogios, alguém que não fosse verdadeiramente de Deus. Outrora, me sentia serva, filha do pai celestial. Em momentos me sentia perseguida, acusada, contaminada, suja e clamava pela salvação e pela cura de Deus. E o pior de tudo, que todos esses pensamentos, surgiam em uma jovem crente, líder, boa filha e aparentemente perfeita e isso era o que consumia a minha alma. Será que eu sou mesmo assim? Será que eu sou boa filha? Será que isso que eu faço é errado? Será que eu sou ruim? Será que realmente meu louvor é puro e digno de ser entregue à Deus? Me questionava sempre. Como ser uma líder amorosa e respeitada, Como ser uma filha de personalidade, sem desrespeitar meus pais, Como amar alguém que não é sincero com você,  Como manter a constância do espiritual com Deus, Como não mentir daquilo que tenho vergonha... 

O Espetáculo expressa exatamente como eu me sentia, alguém que era susceptível á contaminação, que sabia quão prazeroso poderia ser o pecado, mas que aparentemente era puro. Hoje, julgo esse estado de susceptibilidade, como a natureza humana, fraca e sempre tendenciosa a fazer aquilo que não é certo. 
Um outro estado, era o da perseguição, tudo o quê diziam me atingia. Por fora, eram apenas palavras, mas por dentro, parecia flechas inflamadas. Era um medo tão grande, que parecia doer a alma. Insegurança, fraqueza, temores de situações que nem se quer tinham acontecido, e isso corroía minha auto-confiança, minha afirmação pessoal,  e eu aos poucos me transformava em uma pessoa psiquicamente fraca. Tinha momentos que eu queria gritar e desaparecer. E venho retificar, toda essa luta psicológica, foi durante o enfrentar dos desafios contantes de uma liderança, as inúmeras criações de coreografias e eventos que eu participava. Não foi um instante meu. Foi durante a vida, a correria, os planos, os desejos, as tristezas. Era como se eu estivesse atuando em 2 mundos. E o meu mundo interior estava profundamente perturbado


Me perguntei várias vezes: Será que uso máscaras? Quem eu realmente sou? Eu me entrelaçava nas minhas dúvidas e me sugeria respostas que me destruíam. 
A máscara, não esconde somente aquilo que fazemos de errado, mas também as nossas fraquezas. E eu necessitava me mostrar forte, alguém determinado, mas na verdade era alguém cheio de medos e inseguranças. Medo das perdas, medo das críticas, medo de não crescer, medo da não aceitação. Eu era uma dúvida, um ser internamente mal resolvido, não tinha amor próprio, não me auto-afirmava. E fazia da vida um paliativo para minha dor. 
Mas havia algo que eu nunca tinha deixado, a minha fé, sempre tive a convicção de que Deus era tudo de mais importante para mim. Tenho certeza que isso me levou a ouvir a voz de Deus, e entender  o quê ele estava me propondo.


No início da estruturação, apresentei o Espetáculo para a Cia de Dança Gileade, elas gostaram e como sempre, mostraram-se dispostas à encarar o desafio. Um tempo depois, participei de um congresso de dança, voltei renovada, cheia de ideias e expectativas. Propus várias mudanças no grupo, e disparei ali um grande amadurecimento para uma boa liderança. Me sentia mais segura, mais disponível á mudanças e principalmente ao aprendizado.
Para mim, que era uma pessoa baseada em incertezas interiores, os personagens do Espetáculo se encerravam ali. Afinal, não me enxergava de outra maneira, se não nessas características. 
Fiz várias conversas e discussões de ideias sobre o Espetáculo com as bailarinas, e aos poucos elas foram mergulhadas nesse tratamento com Deus. Cada entendimento delas, me gerava reafirmação daquilo que eu queria expor. As perguntas que elas me faziam, eram exercícios para meu raciocínio do Espetáculo. Estava tudo perfeito!
O tempo foi passando e os preparativos aumentavam. Certo dia, elas começaram a se mostrar incomodadas com o final do 2° Ato, parecia que não era suficiente, que não estava clara a ideia. Aquilo me fazia perder noites e por mais que eu explicasse, eu sabia lá no fundo que realmente faltava alguma coisa.


Voltei a ouvir músicas com ouvido mais apurado e seletivo. E tive a ideia de colocar mais uma música no contexto, "O quê queres de mim" Thalles Roberto. Na minha interpretação, é explicado como é modelo de Deus, como são as características daquele que é imagem e semelhança de Deus. Mostrei a música para o grupo, e elas gostaram da ideia. Daí em diante, começava o processo, que eu tanto precisava. Era definitivamente a quebra das minhas dúvidas. 
Eu usei algo que estava lá dentro de mim, mas que eu não estava enxergando. O modelo de personalidade que Deus havia idealizado, já estava dentro de mim! 
Estava encoberto por todas as minhas incertezas e dúvidas, e estas, disfarçadas com máscaras. O Espetáculo não poderia ser apresentado sem a resposta final para todas as questões que eu fazia a mim mesma. 
Deus queria me mostrar alguém bom que existia em mim, alguém que ele preparou para dirigir meu psicológico, um modelo de identidade que sabe realmente quem é e para que veio.  Alguém que sabe o que fazer quando o medo se aproxima, que sabe esperar e confiar, que sabe acreditar, e sobretudo, alguém que verdadeiramente serve e adora a Deus. Não adora porque é certo, mas simplesmente pelo prazer de adorar, essa era a identidade que eu precisava enxergar em mim. Aquela que mais se parece com o criador, e que é de fato a imagem e a semelhança de Deus.

O mais lindo dessa experiência e processo, não foi ver somente a minha cura psicológica, mas foi proporcionar esse mesmo tratamento tão particular e tão íntimo, também às meninas que lidero. Fico perplexa, de como Deus tem amor em ensinar. 
E ainda não disse o mais irônico dessa história, no Espetáculo representei Deus. Foi um desafio assustador para mim, não simplesmente por encenar Deus, mas pela pessoa que Ele era na situação, era o Deus criador, dono da sabedoria e o uniciente. Aquele que sabe exatamente o quê eu estou pensando e Aquele que me conhece, sem máscaras, e por dentro. O quê há de mais obscuro, Ele vê e Ele sabe.


As situações que acontecem na liderança, como escolhas de solos, personagens, nem sempre podem ser tão previstas, por isso é preciso estar sensível e atento e seguir as estratégias de Deus. 
Não tinha planejado me incluir como personagem fixo do Espetáculo, mas já havia coreografias prontas e seria mais trabalhoso rearrumar tudo. Pois bem, assumi então o papel desse personagem tão honroso, a figura divina.  
Várias vezes tive receio de falar e encenar as frases ditas pelo personagem, como: "toda a glória é minha e de mais ninguém". Me perguntava, como eu vou fazer isso? É quase inimaginável falar que a glória é minha, quando eu entrego sempre ela a Deus. 
Foram os processos de inseguranças teatrais, e a minha confiança com o personagem foi crescendo. Minha receita foi, de fato, imaginar como Deus está me vendo, Como será que Ele falaria comigo se fosse de carne e osso. 


A posição de Deus, é fora dos "Eus" interiores. É como se só assim, eu pudesse me enxergar melhor. Sinto que Deus me deu a honra de representá-lo devido a minha necessidade de me conhecer de uma maneira diferente. Senti que eu deveria mostrar os atributos de um Deus criador, justo, amoroso e paciente em nos ensinar. 
Era como-se eu estivesse mostrando aquilo que eu estava sentindo Deus fazer comigo. E constantemente ouvia a frase auto-afirmar na minha mente, "Viu filho?, Isso que eu quero que você faça". Me ame acima de tudo, Me queira mais que as coisas desse mundo, Leia a minha palavra e medita Nela e Faça pelo seu próximo, porque você estará fazendo a mim.

Uma pessoa que é bem resolvida psicologicamente, produz mais, sofre menos, e é mais sensível à voz de Deus. Hoje, sou tratada pelo Senhor. E a cada dia mais posso observar seu cuidado na minha vida.

Eu expus aqui, muitos pensamentos. Se você, que paciente e carinhosamente leu este texto, se identificou com esses personagens, e com essa história. Saiba que a primeira coisa que Deus quer para fazer a mudança na sua vida, é a sua fé. É acreditar realmente de que Ele sabe e pode te revelar as questões que deixam sua mente perturbada e sem paz. Se você tiver fé e um coração ensinável, Deus com certeza, te fará a cada dia, uma pessoa melhor, e enfim, cada vez mais parecida com Jesus.