2 de outubro de 2012

Além da dança

Depois de um tempo de liderança e ministério, a gente redescobre e renasce muitas vezes, você consegue atribuir valores a coisas, que mais tarde (depois de uma maturidade) descobre que aquilo era tão mesquinho e passageiro. Então você pensa: “Porque eu não enxerguei isso antes?” 


Tenho tido experiências reais do discernimento do Espírito Santo de Deus, e descubro a cada dia, que isso é tão possível e claro quanto se pode imaginar. Estar no centro da vontade de Deus, é tremendo! E hoje tenho o prazer e a leveza de dizer que estou. Glória a Deus. O perfil do Deus que ensina, que guia, e cuida, está sendo exercido fortemente ATRAVÉS da minha vida e assim por misericórdia, graça e capacitação no Senhor, não faço o quê Ele quer fazer na MINHA VIDA, mas faço aquilo que ELE QUER FAZER, algo que não é centrado em mim, mas é centrado NA SUA OBRA. 

Nesses últimos 2 anos no meu ministério, eu tenho conhecido uma perspectiva nova e sobrenatural do servir ao Reino de Deus, e isso tudo que estou redescobrindo, está bem mais além de uma dança, além dos pés e dos passos, além da excelência e da música, além de uma execução perfeita e dos sorrisos nos rostos.

 É impressionante e assustador de como a arte, pode temporariamente iludir a percepção do ser humano. Alguns acham que nem são seres humanos, podem achar que são sonhos ambulantes, personagens perfeitos e idealizados que perambulam nos palcos para fazer rir, chorar ou emocionar.

 Além da dança, existem pessoas, seres humanos, cheios de qualidades e de defeitos, cheios de alegrias fúteis e inúteis, cheios de medos, e de fraquezas. Por trás de um artista, existe um "serzinho", cheio de problemas e angústias, e esse artista, ainda mais sensibilizado e entremeado à sua arte, disfarça sua dor e sua deformidade, atrás de sua auto-suficiência e talento. Artistas doentes e frágeis, artistas com falhas graves de caráter, artistas que sofreram traumas, artistas que precisam de amor e principalmente artistas cristãos, que precisam cada vez mais lutar contra o seu ego, e viver com o caráter de Cristo. E isso, não é algo simples, e não é algo que se resolve com um ensaio, é algo a ser lutado a cada dia. 

Quem são verdadeiramente esses seres humanos artistas? Uma cena perfeita é um objetivo tão pequeno, diante da vida do ser humano. Essa ótica é tão nova e tão obscura, que para andar nela, é imprescindível estar em Deus e com Deus. 
Até onde um líder tem direito de intervir? (Me pergunto sempre, e insistentemente). Tantas danças, tantas cenas para corrigir, e o líder ainda se incomoda com o caráter do artista. 
Às vezes o conselho de um líder pode ser duro, e até invasivo. É uma mistura de certeza de que é preciso falar com o medo de magoar, que dói e gera dúvida. Mas lá no fundo do coração, a direção e o discernimento de Deus vão dando a paz necessária para ter coragem de intervir. É tão simples e tão difícil, são palavras e lágrimas que passam na mente, de um coração batendo forte, e com o desejo final de ser compreendido, e que aquele tal "serzinho", tão frágil quanto você, se cure, se desenvolva, e cresça... Você se sente tão grande e tão pequeno, Que tipo de amor é esse? Confesso que ainda não sei explicar, A cada dia que passa, tenho experiências novas e únicas, que constrói e desconstrói meu conceito e percepção da verdadeira liderança. Eu penso que a liderança deve ser algo mais profundo, do que simplesmente gerar um efeito técnico, ou de sensibilidade espiritual. 
É assustador, ver nos olhos de artistas lindos, capazes, que fazem e até ensinam fazer, mas que são doentes em algumas linhas do caráter e da mente. O amor, o cuidado, e o zelo, tem me desafiado a cada dia, sofrer uma transformação, e ter coragem de alertar, de ensinar e de ser melhor para ser exemplo, para somar e para também mudar e honrar o título tão esteriotipado de Cristão. 
É desafiador e inquietante. Chega um ponto que a dor do outro vira sua dor, e que as inquietações só são resolvidas, quando são faladas, e libertadas da prisão da mente. 
Que mente é essa do Ser humano? Que sonha e aprisiona? Que idealiza, mas acusa a si mesmo? Que se valoriza, mas que sofre complexos de inferioridade?

Esse texto é um choro de preocupação e alegria do dia a dia de uma líder. Um texto que não tem bem um começo, e nem um fim, pois ele faz parte de um processo.
Estou vivendo intensamente meu ministério, estou vivendo um arco íris. Uma fase de mudanças, de conquistas, é claro de lutas e desafios, mas a cada dia, tenho me sentindo estar no lugar em que Deus está agindo e me sinto servindo e somando para esta obra.

Mudar não é fácil, e nessa fase de transformação e mudança, descanso e vivo... um dia de cada vez, um mal de cada vez, e um fruto de cada vez. E assim a árvore cresce e novas sementes germinam.

2 comentários:

  1. Pensar desta forma não faz de você uma líder, mas sim uma agente desenvolvedora que te faz ter uma visão bem mais ampla para abordagens que pretende e precisa fazer com que você lidera.
    Quando somente se lidera, suas abordagens e conselhos vão ser sempre superficiais, porque seus concelhos de certa forma serão para que o Trabalho, o qual coordena não pereça.
    Os agentes desenvolvedores se preocupam não somente em que o trabalho não pereça, mas para que o individuo "liderado" também não pereça. É um pensamento a longo prazo que exige uma dedicação MUITO maior.
    A visão a longo prazo é a visão de Jesus. Por mais que se preocupasse com a eminente necessidade, se preocupava com a necessidade futura. Uma visão ampla, que por vezes não era compreendida.

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  2. Concordo Gabriel. De fato, a visão de Jesus é à longo prazo, não é a mais fácil de absorver, mas é a certa. Obrigada por somar com as suas palavras! :)

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